domingo, 31 de janeiro de 2010

Sem lugar





O que fazer quando nada mais importa?
Pra onde seguir se as portas se fecharam?
A escuridão tomou conta da sala,
Que esta fechada para visitação.

As janelas não se abrem,
A claridade insiste em penetrar pela fenda,
Que aos poucos diminui
Bloqueando a passagem do vento.

O nada corrompeu os sentidos
O vazio preenche os espaços
E a vida se esvaindo em meio ao caos da alienação.

Prosseguir é o mais difícil,
Desistir é possível,
Permanecer imutável na solidão de si mesmo
Com o tempo correndo ao contrário.

Perder o que não se tem,
Encontrar o que não se conhece,
Partir sem deixar marcas
Somente a procura do inexistente.




É insuportável o sentir.
Me exceder em medos e sensações vagas e incompreendidas
Como entender o que nem é sabido?
Existir em caos de ausência e urgências
Perder-se em encontrar o que não se pode perceber
A intensidade da falta
Somada a carência sufocada
Não dá pra compreender palavras em catarse
Palavras que fogem a normalidade
Que se perdem em utopias transformadas em peso
Subir sem descer... Enxergar sem ver.....
Perfurar o que está ferido sem receio da dor
Sem perder a frieza de um coração esmagado.

sábado, 30 de janeiro de 2010





Ela escreve cartas que jamais serão enviadas.
Relatando sentimentos escondidos em seu interior vazio e solitário.
São escritos sinceros e com tamanha profundidade, onde não há vagas para o pudor.
Como um simples pedaço de papel faz milagres?
Como palavras que jamais serão lidas, são regurgitadas de tal forma, onde no momento que seus sentimentos são expressos em palavras, sua alma se purifica?
Mas ela sofre, chora... A solidão já não lhe faz companhia,
Em um momento tão desafiador, ela dialoga com as linhas corridas e apagadas,
Vazias, mas que compartilha no instante em que surgem as primeiras frases.
Ela conta seus segredos mais profundos.
Nas entrelinhas a verdade aparece,
Porém, após longa conversa,
Tudo se perde.
Vira lixo.
Podridão.
E ela se cala.





Recordar o passado,
É lembrar de instantes vividos,
Que em fração de segundos,
Fizeram história....

Ela observa o tempo, que segue tempestuoso e contraditório.
Em seu interior somente lembranças,
Que deixam o presente de lado,
Trazendo consigo marcas que jamais cicatrizaram.

As feridas ainda sangram,
Apesar do sorriso que insiste em sair,
Pois o que passou, não somente foi dor,
Mas sim momentos que deram sentido a vida.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010





Hoje ela está só.Perdida em excesso de sentimentos.
Hoje seu mundo se resume a solidão de seu quarto vazio.
A escuridão tomou conta do que se chama vida,e a cegueira consumiu sua visão.
Entre quatro paredes,o medo consome seus pensamentos,e devaneios lhe perseguem sem nenhum pudor.
Dúvidas começam a permear em sua consciência,
Perguntas surgem deixando um rastro de feridas.
Sua essência está imersa,transbordando em superficie,
em completa exaustão do sentir,
afogando-se na lentidão de um tempo que não passa.

Apenas...





Quando nada mais restar,
apenas fique do meu lado.
Quando não houver mais sentido,
apenas segure minhas mãos,
caminhe do meu lado,
rumo a eternidade do momento,
em passos curtos,
sentindo a necessidade de estarmos juntos,
e sós..deixando de fora tudo o que nos faz sangrar,
e simplesmente deixar com o tempo,
a responsabilidade de nos tornármos um só.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Preto e Branco




Observe a fotografia:


Porque só banco é vermelho?
Porque a paisagem é cinza?
Vermelho:Paixão+dor=Solidão
Cinza:Interior sem vida,na exaustão do sentir.

Alguém Concorda?
Discorda?




"(...) Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta (...)"

(Caio Fernando Abreu)

Interrogação





Encontrar respostas,
quando não se sabe o que fazer,
Desistir,sem motivos para permanecer,
Onde?como?Pois tudo é névoa constante,
Os dias vazios e incoerentes,
A vida sentida de uma forma relevante,
e sem valor para corrigir erros insubistituiveis,
e verdades ressentidas no ego do ser.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sem lugar





Solidão,
consumida de toxinas,
esvaindo-se,alargando-se
perdendo a essência do ser,
em meio ao caos do existir,
e presa no caminho tentando viver.

Aí Tem

Por: Martha Medeiros

As coisas são como são. Se alguém diz que está calmo, é porque está calmo. Se alguém diz que te ama, é porque te ama. Se alguém diz que não vai poder sair à noite porque precisa estudar, está explicado. Mas a gente não escuta só as palavras: a gente ouve também os sinais.

Ele telefonou na hora que disse que ia ligar, mas estava frio como um iglu. Você falava, falava, e ele quieto, monossilábico. Até que você o coloca contra a parede: "O que é que está havendo?". "Nada, tô na minha, só isso." Só isso???? Aí tem.

Ele telefonou na hora que disse que ia ligar, mas estava exaltado demais. Não parava de tagarelar. Um entusiasmo fora do comum. Você pergunta à queima-roupa: "Que alegria é essa?" "Ué, tô feliz, só isso". Só isso????? Aí tem.

Os tais sinais. Ansiedade fora de hora, mudez estranha, olhar perdido, mudança no jeito de se vestir, olheiras e bocejos de quem dormiu pouco à noite: aí tem. Somos doutoras em traduzir gestos, silêncios e atitudes incomuns. Se ele está calado demais, é porque está pensando na melhor maneira de nos dar uma má notícia. Se está esfuziante demais, é porque andou rolando novidades que você não está sabendo. Se ele está carinhoso demais, é porque não quer que você perceba que está com a cabeça em outra. Se manda flores, é porque está querendo que a gente facilite alguma coisa pra ele. Se vai viajar com os amigos, é porque não nos ama mais. Se parou de fumar, é uma promessa que ele não contou pra você. Enfim, o cara não pode respirar diferente que aí tem.

Às vezes não tem. O cara pode estar calado porque leu um troço que mexeu com ele, ou está falando muito porque o time dele venceu. Pode estar mais carinhoso porque conversou sobre isso na terapia e pode estar mais produzido porque teve um aumento de salário. Por que tudo o que eles fazem tem que ser um recado pra gente?

É uma generalização, mas as mulheres costumam ser mais inseguras que os homens no quesito relacionamento. Qualquer mudança de rota nos deixa em estado de alerta, qualquer outra mulher que cruze o caminho dele pode ser uma concorrente, qualquer rispidez não justificada pode ser um cartão amarelo. O que ele diz importa menos do que sua conduta. Pobres homens. Se não estão babando por nós, se tiram o dia para meditar ou para assistir um jogo de vôlei na tevê sem avisar com duas semanas de antecedência, danou-se: aí tem.

Quando a alimentação se torna um perigo.





Por conta de um padrão de beleza, que vê a magreza excessiva como possibilidade de felicidade e de vida bem sucedida, muitas mulheres acham que precisam fazer de tudo para atingir esse corpo considerado perfeito. A luta desenfreada por manequins cada vez menores pode começar ainda na infância, por volta dos oito ou nove anos.

As passarelas da moda mostram mulheres magérrimas desfilando as roupas dos estilistas mais badalados. A novela mostra a turma de mocinhas descoladas em biquínis mínimos e saias curtas, que vestem corpos cada vez mais esguios. As revistas estampam editoriais de moda inteiros com mulheres que esbanjam poucos quilos distribuídos em corpos altos e quase sem curvas. Esse é o padrão de beleza que é imposto à sociedade nos últimos anos – a mulher bonita deve ser magérrima e alta. De acordo com Eliane Pisani Leite, psicóloga e psicopedagoga, esse padrão de beleza, que está fora da realidade da maior parte do público feminino, é o responsável pelo desencadeamento de distúrbios alimentares, como a bulimia nervosa.

Pouco se sabe sobre essa doença, que é caracterizada por ataques repetidos de hiperfagia (consumo de grande quantidade de alimentos, de preferência hipercalóricos) e, em seguida, indução ao vômito, abuso no uso de purgantes ou períodos alternados de inanição. “A culpa gerada pela ingestão do alimento em excesso e o medo da elevação do peso faz com que essas pessoas se utilizem de medidas extremas para não engordar”, afirma Eliane.

A influência cultural tem sido apontada, atualmente, como o fator mais forte para desencadear a bulimia, mas há outros agravantes, como interação familiar, stress relacionado à sexualidade e a formação da identidade pessoal. “Muitas vezes, a própria mãe elogia as outras meninas que têm o corpo esguio, ou até mesmo cobra da filha que tenha um corpo perfeito e que coma pouco. A criança fará de tudo para atender à solicitação familiar”, diz a psicóloga, que afirma, ainda, que essa preocupação com o corpo perfeito tem começado cada vez mais cedo, por volta dos oito, nove anos. “A criança já começa a sonhar com o corpo magérrimo. Até as bonecas, com as quais as meninas brincam, são magrinhas”.

A maior incidência de pacientes com bulimia nervosa é de mulheres adolescentes e adultas jovens. De cada dez pacientes, nove são mulheres. A psicóloga afirma que isso se dá por uma característica feminina de competição e busca desenfreada pela perfeição. “A menina, ainda na escola, começa a querer ser melhor e mais bonita do que a coleguinha ao lado. E, hoje em dia, ser bonita é ser magra”. Algumas profissões em particular parecem apresentar mais riscos, como no caso de jóqueis, atletas, modelos, manequins e pessoas ligadas à moda. “Esses ambientes cobram ainda mais as pessoas quanto ao controle de peso”, diz Eliane. “A menina que sonha com a carreira de modelo, por exemplo, pode, com mais facilidade, ter essa preocupação exagerada com o corpo antes da hora”, complementa.

A ajuda deve começar em casa

>>VEJA MAIS:


Fonte:
Bulimia





Viver em sociedade é um desafio porque às vezes ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser ou do nosso não-ser...
Quero dizer com isso que nós temos, no mínimo, duas personalidades: a objetiva, que todos ao nosso redor conhece; e a subjetiva... Em alguns momentos, esta se mostra tão misteriosa que se perguntarmos - Quem somos? Não saberemos dizer ao certo!!!
Agora de uma coisa eu tenho certeza: sempre devemos ser autênticos, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser... Aqui reside o eterno conflito da aparência x essência. E você... O que pensa disso?

(Clarice Linspector)

sábado, 23 de janeiro de 2010

A vida à beira de um abismo

Por: Naiara Magalhães



Ana, de 26 anos, é uma jovem de feições delicadas. A pele alva contrasta com os cabelos escuros, lisos e curtos. Ela é do tipo que sempre busca as palavras exatas para expressar suas opiniões e sentimentos. Domina quatro idiomas e estuda numa das melhores universidades do país. Bonita e inteligente, Ana seguiria um caminho sem relevos ríspidos, não fosse o abismo. Ele se abre à sua frente na forma de um vazio que a tudo engole, da sensação de abandono e do medo de perder os próprios contornos, aparentemente tão bem delineados. Ana sofre, e sua dor lhe parece inextinguível. Num ato de coragem, a jovem concordou em dar os depoimentos que constam desta reportagem:

– Já perdi a conta de quantas vezes tentei me matar. A situação mais séria data de quatro anos atrás. Minha mãe me encontrou desmaiada no chão do quarto, depois que tentei me enforcar. Aos 14 anos, me joguei na frente de um caminhão. Fui salva por um estranho, que me puxou de volta para a calçada. Já cortei várias vezes os pulsos e, em outras, consumi quantidades exageradas de remédios. Para mim, a vida é uma obrigação.

Aos 20 anos, Ana foi diagnosticada com distúrbio fronteiriço da personalidade – é considerada uma borderline, para usar a terminologia em língua inglesa. Seus portadores têm imensa dificuldade em se incluir até mesmo nos amplos limites da nova normalidade. O Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais, o guia das doenças psiquiátricas da Associação Americana de Psiquiatria, caracteriza a doença com uma lista de nove sintomas: sensação constante de vazio; acessos injustificáveis de raiva; alternância constante e extrema de humor; relações interpessoais intensas e instáveis; comportamento impulsivo; ideias frequentes de suicídio ou automutilação intencional; episódios de paranoia; autoimagem instável; e esforços desmedidos para evitar um abandono verdadeiro ou imaginado. Nada, porém, define mais integralmente os fronteiriços do que a metáfora usada pela psicóloga americana Marsha Linehan, professora da Universidade de Washington e referência mundial no estudo da doença: "Eles são o equivalente psicológico dos pacientes vítimas de queimaduras de terceiro grau. Não têm nenhuma ‘pele emocional’ para protegê-los. O mais leve toque ou movimento pode causar-lhes muita angústia". É como se vivessem o tempo todo "imersos em tempestades emocionais que nunca se acalmam", escreve o psiquiatra e psicanalista israelense Yoram Yovell, no livro O Inimigo no Meu Quarto – E Outras Histórias da Psicanálise (editora Record).

O termo borderline para designar o paciente que sofre desse transtorno psiquiátrico foi usado pela primeira vez no fim da década de 30, pelo médico e psicanalista americano Adolph Stern (1878-1958). Acreditava-se, na ocasião, que seus portadores estavam na "fronteira" entre neurose e psicose. A definição do problema como um distúrbio de personalidade caracterizado por extrema instabilidade emocional e impulsividade foi consolidada entre as décadas de 60 e 70, por Otto Kernberg, psicanalista austríaco, e John Gunderson, psiquiatra americano. As estatísticas sobre a incidência dos fronteiriços na população variam de 2% a 6%. A levar em conta a proporção máxima, eles formariam um contingente semelhante ao dos que sofrem de transtornos da ansiedade, que ficam em terceiro lugar na lista dos distúrbios mentais mais comuns.


Com o aperfeiçoamento dos exames de imagens, foi possível verificar que os fronteiriços apresentam deficiências no funcionamento de uma área do cérebro conhecida como lobo frontal. Localizada bem acima dos olhos, ela é responsável, entre outras funções, pela elaboração do pensamento e pelo planejamento das ações. Alterações nessa porção cerebral podem comprometer o juízo crítico e contribuir para o descontrole emocional. Mas, como nem todos os que exibem tais falhas no lobo frontal são fronteiriços, a conclusão é que as influências familiares e sociais são determinantes. Isso não significa que cada borderline tenha sido agredido ou negligenciado na infância. A combinação de uma criança detalhista com uma família perfeccionista, por exemplo, pode contribuir para a formação de um adulto que não consegue se sentir satisfeito com suas realizações, não conclui projetos e, assim, desenvolve uma sensação crônica de vazio – aspecto central do transtorno.

A sensação de abandono é comum a todos os fronteiriços. É como se reproduzissem continuamente o sentimento da criança pequena que teme a mais breve ausência dos pais – fonte de nutrição, afeto e amparo – como uma perda eterna. "Em certo sentido, a criança cresce e aprende a ser independente quando consegue procurar a imagem dos pais dentro de si, e não à sua volta", diz Yovell, em O Inimigo no Meu Quarto. A partir do momento em que ela não consegue realizar essa interiorização, está dado o primeiro passo para a formação de um adulto doentiamente carente. Às vezes, no entanto, o sentimento de rejeição é fruto de um abandono real (veja o depoimento de Marta abaixo).

No desespero para não se sentir desamparado, o fronteiriço costuma "grudar" em seus amigos, médicos, cônjuges ou parentes – sufocando-os e, consequentemente, afastando-os. Como o fronteiriço só consegue se definir a partir do outro, ele muda constantemente de área de estudo, religião e estilo de vida, ao sabor das influências dos amigos ou familiares. "Assumir a identidade de pessoas próximas é uma tentativa de evitar a rejeição e o abandono que eles tanto receiam", explica o psiquiatra e psicoterapeuta Erlei Sassi, coordenador do Ambulatório Integrado de Transtornos de Personalidade e do Impulso do Hospital das Clínicas de São Paulo. Esse comportamento típico do borderline é semelhante ao do adolescente. Diz a psicóloga Jonia Lacerda, do Ambulatório de Família do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo: "É como se eles vivessem uma adolescência vinte anos mais longa do que as pessoas sem o transtorno". Vinte anos não é força de expressão. Por motivos ainda insondáveis, a partir dos 40 anos, boa parte dos pacientes tem atenuado não só esse como os demais sintomas que definem a sua condição. O problema, claro, é chegar até lá razoavelmente inteiro. Tamanha insegurança impede a construção de uma autoimagem de fato positiva. Diz Ana:

– Só consigo enxergar os meus defeitos. O reconhecimento das coisas que faço e tenho de bom (se é que há algo de bom em mim) tem de partir necessariamente dos outros. E não pode ser qualquer um. Na faculdade, por exemplo, o aval de um professor só tem valor se ele estiver entre os mais conceituados. Se eu parar para pensar, sei que isso é um absurdo, que impede que minha vida flua. Mas eu simplesmente não consigo evitar. Esse tipo de pensamento toma conta de mim e vai crescendo, crescendo... É um círculo vicioso infernal.

Para cumprir a obrigação de viver, é comum que o fronteiriço lance mão de aditivos. De acordo com um levantamento feito em 2008 pelo Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo, dos Estados Unidos, 42% dos fronteiriços são dependentes de álcool e 30% abusam das drogas. Muitos não conseguem levar os estudos superiores até o fim. Boa parte não se casa ou é divorciada.

Devido ao fato de ser um transtorno de personalidade, ele pode ser confundido, no início, com um temperamento mais impulsivo. Por esse motivo, um paciente leva, em média, de cinco a dez anos para ser diagnosticado como fronteiriço. "Em geral, os doentes chegam ao consultório por causa de problemas decorrentes do transtorno – como abuso de álcool e drogas, depressão, automutilação ou bulimia", diz Geraldo Possendoro, psiquiatra e psicoterapeuta, professor da Universidade Federal de São Paulo. O diagnóstico só costuma ser fechado a partir dos 18 anos, quando a personalidade da pessoa já está razoavelmente definida. "Só assim os médicos conseguem ter certeza de que o comportamento errático não está circunscrito à adolescência, com todas as suas turbulências emocionais e comportamentais", diz Fernanda Martins, psiquiatra e psicoterapeuta do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Ao contrário do que ocorria num passado não muito distante, hoje a doença tem tratamento. A questão é que os fronteiriços resistem muito aos medicamentos e às terapias. Com a palavra, Ana:

– Eu só aceitei me internar e me tratar de fato depois que tentei me enforcar. Quando o médico me disse, de maneira bastante firme, que, no fundo, a tentativa de enforcamento era um pedido de ajuda, eu cedi. No fundo, o que me move é a esperança. E é essa esperança que me faz querer ficar bem, seguir na terapia e tomar a medicação. São oito comprimidos por dia – um de antipsicótico, três de estabilizador de humor e quatro de antidepressivo. Eu estou melhorando. Aos poucos, mas estou.
A relação que os fronteiriços estabelecem com seus médicos e psicoterapeutas é bastante peculiar. Eles agem o tempo todo como se estivessem testando a dedicação e a fidelidade de quem os trata. Durante a sua gravidez, a médica Fernanda, por exemplo, teve de ser cuidadosa para evitar que suas pacientes se sentissem preteridas. "Eu costumo dizer que o fronteiriço requer um profissional muito persistente", diz o psiquiatra e psicoterapeuta Sassi. E com um sangue frio de congelar nas veias. Certa vez, no meio da noite, ele atendeu o telefonema de uma paciente. Com voz tranquila, quase infantil, ela perguntou: "Doutor, a veia jugular fica do lado direito ou esquerdo do pescoço?". Os sinais de melhora às vezes são tão sutis que podem escapar ao profissional menos experiente. "Fico extremamente satisfeito quando um paciente me telefona para dizer que está triste, em vez de chegar ao consultório com o braço marcado por cortes", afirma Sassi. "Ao me falar de sua tristeza, ele mostra que finalmente aprendeu a expressar seus sentimentos de maneira saudável." E, quem sabe, possa enveredar pelo caminho da nova normalidade, em que não cabe a ilusão da ausência completa de tormentos.



Fonte:
Revista VEJA

Entrelinhas




Por entre espaços,o complemento.
Por dias afinco,se perdendo.
Os meios são metades de um momento,
que se encaixam em devaneios sentidos,
a flor da pele seguindo,
e a raiva crescendo e alimentando o tempo,
que segue descompassado.
Dias se passam,
e escurece o que se chama passado,
sem preencher o presente,
com ilusões sentidas e vividas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Busca.....






Ela precisa de alguem,
que a compreenda e entenda sua maneira de ver o mundo.
Ela precisa de companhia,
que simplesmente fique,e somente permaneça.
Seus dias são uma eterna busca,
constante e permanente,
sufocada e reprimida,
Ela quer entender,compreender,
porque a sua frente tudo desmorona,
Ela quer encontrar estabilidade e segurança,
e não correr o risco de se perder,
solitária e caida em frente ao abismo que lhe cerca.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Diálogo Filosófico

(Carlos Drummond de Andrade)



_As coisas não são o que são, mas também não são o que não são - disse o professor suíço ao estudante brasileiro.
_Então, que são as coisas? - inquiriu o estudante.
_As coisas simplesmente não.
_Sem verbo?
_Claro que sem verbo. O verbo não é coisa.
_E que quer dizer coisas não?
_Quer dizer o não das coisas, se você for suficientemente atilado para percebê-lo.
_Então as coisas não têm um sim?
_O sim das coisas é o não. E o não é sem coisa. Portanto, coisa e não são a mesma coisa, ou o mesmo não.

O professor tirou do bolso uma não-barra de chocolate e comeu um pedacinho, sem oferecer outro ao aluno, porque o chocolate era não.


Contos Plausíveis, in Andrade, C. D. (1992): Poesia e Prosa, Rio de Janeiro: Aguilar, pg. 1261

A Psicanálise







Psicanálise é a ciência do inconsciente que foi fundada por Sigmund Freud (1856-1939). Um método de investigação, que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito.

Este método baseia-se principalmente nas associações livres do sujeito, que são a garantia da validade da interpretação. A interpretação psicanalítica pode estender-se a produções humanas para as quais não se dispõe de associações livres. A psicanálise é um método psicoterápico baseado nesta investigação e especificado pela interpretação controlada da resistência, da transferência e do desejo. O emprego da psicanálise como sinônimo de tratamento psicanalítico está ligado a este sentido; exemplo: começar uma análise.

A psicanálise é um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e de tratamento. A aceitação de processos psíquicos inconscientes, o reconhecimento da doutrina da resistência e do recalcamento e a consideração da sexualidade e do complexo de Édipo são os conteúdos principais da psicanálise e os fundamentos de sua teoria, e quem não estiver em condições de subscrever todos não deve figurar entre os psicanalistas.


Fonte:
Psicanálise

Citações:Caio Fernando Abreu







Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele(...)

"... Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo, sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo esses dois portos gelados da solidão é vera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o eterno do perecível, loucos".

Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."

"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

(Caio Fernando Abreu)

Solidão

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Sentindo sem sentido

Transcrevo meu eu,
que transborda em excessos.
descrevo sensações que se esvaziam em palavras,
jamais ditas ou sentidas.
Liberto o medo,
sem receio de chocar.
Respiro mal cheiro,
expresso em vagas condições de desespero.
Não sei me usar,
tudo soa falso.
O inesperado corrompe o que se chama VIDA,
e de repente recebo o tempo que corre sem rumo,
e se perde em meio ao caos da existência.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Transtorno de personalidade borderline






PERSONALIDADE BORDERLINE

Este é um assunto delicado mas importante pois, muitas vezes, convivemos com pessoas de personalidade Borderline e não sabemos disso. Na maioria das vezes pensamos que:
"Ele(a) é assim mesmo"..."Ele(a) sempre foi assim desde criança"..."Ele(a) ficou assim na adolescência, isso é da idade ou frescura para chamar atenção".."É assim por falta de uma boa surra"
Esta forma de pensar é muito comum, dificilmente os pais se dão conta de que o problema da agressividade, impulsividade, falta de concentração e até de vontade de terminar o que começa, pode ser um doença. Normalmente os pais têm vergonha de levar o filho ao psiquiatra ou à um terepeuta. Preferem culpar o filho ou a si mesmos ou a algo espiritual.
Muitos casamentos se tornam infelizes e terminam por conta de um comportamento do conjuge "genioso", por agressividade verbal ou moral ou por um deles não conseguir se manter num emprego e tantos outros motivos. Tudo isso pode ser por falta de educação, por terem sido mimados, por serem grosseiros mesmo e etc, até concordo, porém pode não ser nada disso e estarmos diante de uma pessoa doente, que sofre por ser assim.
Somente um MÉDICO, pode dar este diagnóstico, não podemos sair por aí assinando diagnósticos, mas podemos observar e ajudar a pessoa levando-a ao psiquiatra.

O texto aqui exposto é do psiquiatra Dr. Ballone:

Transtorno de Personalidade - Personalidade Borderline

Há pessoas, simpáticas e agradáveis aos outros, que se comportam de maneira totalmente diferente com as pessoas de sua intimidade. São explosivas, agressivas, intolerantes, irritáveis, com tendência a manipular pessoas.... São pessoas com Transtorno Borderline da Personalidade. Outros conseguem ser desarmônicos dentro e fora do lar; podem ser os Sociopatas.
Na atual classificação da Organização Mundial de Saúde (CID.10), o distúrbio denominado Personalidade Borderline está incluído no capítulo dos Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável. Este transtorno se subdivide em 2 tipo; o Tipo Impulsivo e o Tipo Borderline. O subtipo Impulsivo é sinônimo do que conhecemos por Transtorno Explosivo e Agressivo da Personalidade.
Primeiramente vejamos do que se trata o Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável. A CID.10 diz que se trata de um transtorno de personalidade, no qual há uma tendência marcante a agir impulsivamente e sem consideração das conseqüências, juntamente com acentuada instabilidade afetiva.
Nessas pessoas a capacidade de planejar pode ser mínima e os acessos de raiva intensa podem, com freqüência, levar à explosões comportamentais e de violência. Essas explosões costumam ser facilmente precipitadas, principalmente quando esses atos impulsivos são criticados ou impedidos por outros
Duas variantes desse transtorno de personalidade são especificadas e ambas compartilham esse tema geral de impulsividade e falta de autocontrole; o Tipo Impulsivo e o Tipo Borderline. O Tipo Impulsivo se traduz por instabilidade emocional e falta de controle de impulsos. Aqui os acessos de violência ou comportamento ameaçador são comuns, particularmente em resposta a críticas de outros.Eu, particularmente, não vejo muita diferença entre esse Tipo Borderline do Emocionalmente Instável e o Transtorno Explosivo Intermitente de Personalidade. Enfim, vamos descrever aqui o tipo Borderline.No Tipo Borderline ou Limítrofe várias características de instabilidade emocional estão presentes. Somado à impulsividade, há perturbação variável da auto-imagem, dos objetivos e das preferências internas, incluindo a sexual.

O paciente Borderline freqüentemente se queixa de sentimentos crônicos de vazio. Há sempre uma propensão a se envolver em relacionamentos intensos mas instáveis, os quais podem causar nessas pessoas, repetidas crises emocionais. A CID.10 diz ainda que esses pacientes se esforçam excessivamente para evitar o abandono, podendo haver quanto a isso, uma série de ameaças de suicídio ou atos de autolesão.
Mas, como sempre, a melhor descrição da Personalidade Borderline está em outra classificação; no DSM.IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais) da Associação Norte-Americana de Psiquiatria. Pelo DSM.IV vê-se que a característica essencial do Transtorno da Personalidade Borderline é um padrão comportamental de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na auto-imagem e nos afetos. Há uma acentuada impulsividade, a qual começa no início da idade adulta e persiste indefinidamente.

Características do Ego e do Comportamento

Patologicamente, podemos dizer, que a pessoa portadora de Personalidade Borderline, embora seja bem menos perturbada que os psicóticos, são muito mais complexas que os neuróticos, embora não apresentem deformações de caráter típicas das personalidades sociopáticas. Na realidade, o Borderline tem séria limitação para usufruir as disponibilidades de opção emocional diante dos estímulos do cotidiano e, por causa disso, pequenos estressores são capazes de enfurecê-lo.
São indivíduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fúria ou de mau gênio, em completa inadequação ao estímulo desencadeante. Essas crises de fúria e agressividade acontecem de forma inesperada, intempestivamente e, habitualmente, tem por alvo pessoas do convívio mais íntimo, como os pais, irmãos, familiares, amigos, namoradas, cônjuges, etc.
Embora o Borderline mantenha condutas até bastante adequadas em grande número de situações, ele tropeça escandalosamente em certas situações triviais e simples. O limiar de tolerância às frustrações é extremamente susceptível nessas pessoas.
Este curto-circuito agressivo expresso pelo Borderline, sob forma de crise, pode desempenhar várias funções psicodinâmica, como por exemplo, aliviar o excedente de tensão interna, impedir maior conflito e frustração, ressaltar a presença do paciente, ainda que de forma desagradável e ineficaz, melhorar a auto-afirmação, obrigar o ambiente a reconhecer sua importância, ainda que para se lhe opor ou confrontar.

O Borderline também está sujeito a exuberantes manifestações de instabilidade afetiva, oscilando bruscamente entre emoções como o amor e ódio, entre a indiferença ou apatia e o entusiasmo exagerado, alegria efusiva e tristeza profunda.
A vida conjugal com essas pessoas pode ser muito problemática, pois, ao mesmo tempo em que se apegam ao outro e se confessam dependentes e carentes desse outro, de repente, são capazes de maltratá-lo cruelmente.
Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline se esforçam freneticamente para evitarem um abandono, seja um abandono real ou imaginado. A perspectiva da separação, perda ou rejeição podem ocasionar profundas alterações na auto-imagem, afeto, cognição e no comportamento. O Borderline vive exigindo apoio, afeto e amor continuadamente. Sem isso, aflora o temor à solidão ou a incapacidade de ficar só, em presença de si mesmo.

Esses indivíduos são muito sensíveis às circunstâncias ambientais e o intenso temor de abandono, mesmo diante de uma separação exigida pelo cotidiano e por tempo limitado, são muito mal vivenciadas pelo Borderline. Esse medo do abandono está relacionado a uma grande intolerância à solidão e à necessidade de ter outras pessoas consigo. Seus esforços frenéticos para evitar o abandono podem incluir ações impulsivas, tais como comportamentos de automutilação ou ameaças de suicídio.
A tendência a alguma forma de adição, como o álcool, remédios, drogas, ou mesmo o trabalho desenfreado, o sexo insistentemente perseguido, o esporte, alguma crença, etc., refletem uma busca desenfreada de "um algo mais" que lhe complete e lhe dê sossego.

Segundo Marco Aurélio Baggio, quem melhor descreve o Ego desses pacientes, os Borderlines são pouco capazes de se empenharem numa tarefa com persistência e acuidade. Desistem do esforço e circulam em torno daquilo que é preciso fazer mas não fazem. Em relação ao contacto interpessoal, eles têm uma tendência a atacar o outro do qual dependem, como forma de camuflar a grande necessidade de dependência. São habilidosos em estimular o outro a lhes propiciar aquilo que precisam, mas recebem tudo o que lhe fazem como quem nada deve.

A personalidade do Borderline é uma peça de teatro onde os atores coadjuvantes estão sempre esperando ele, o ator principal. Trata-se de um ego que não tolera o vazio, a separação, a ausência, não sabe superar com equilíbrio os conflitos.

Características de Personalidade e Comportamento

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline têm um padrão de relacionamentos instável e, ao mesmo tempo, intenso. Na vida a dois, eles podem desenvolver intenções de protetores ou amantes já no primeiro ou no segundo encontro, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhem detalhes extremamente íntimos ainda na fase inicial de um relacionamento. Essas pessoas podem sentir empatia e carinho por outras pessoas, entretanto, tais sentimentos são frutos exclusivos da expectativa de que a outra pessoa estará lá para atender suas próprias necessidades de apoio, carinho e atenção.

Pode haver no Borderline, uma rápida passagem da idealização elogiosa para sentimentos de desvalorização, por achar que a outra pessoa não se importa o suficiente com ele, não dá o bastante de si, não se mobiliza o suficiente. Portanto, são insaciáveis em termos de atenção. Eles são inclinados a mudanças súbitas em suas opiniões sobre os outros.

A inconstância do Borderline se observa também em relação ao juízo que tem de si mesmo e de sua vida. Ele pode ter súbitas mudanças de opiniões e planos acerca de sua carreira, sua identidade sexual, seus valores e mesmo sobre os tipos de amigo ideal.

Os indivíduos com este transtorno exibem impulsividade em áreas potencialmente prejudiciais para si próprios, tais como nos esportes, nos jogos de azar, no consumo de tabaco, álcool, drogas, etc. Eles podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso, abusar de substâncias, engajar-se em sexo inseguro ou dirigir de forma imprudente. As pessoas com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou comportamento auto-mutilante .
O suicídio completado costuma ocorrer em 8 a 10% desses indivíduos impulsivos, e os atos de automutilação também impulsivos, como por exemplo, cortes ou queimaduras também são comuns. Esses atos autodestrutivos geralmente são precipitados por ameaças de separação ou rejeição, por expectativas de que assumam maiores responsabilidades ou mesmo por frustrações banais.

Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline podem apresentar instabilidade afetiva, devido a uma acentuada reatividade do humor, como por exemplo, euforia ou depressão (disforia) episódica, irritabilidade ou ansiedade, em geral durando apenas algumas horas. O humor disfórico (euforia ou depressão) dos indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline muitas vezes são acompanhado por períodos de raiva, pânico ou desespero.

Essas pessoas ficam facilmente entediadas, não aceitam bem a constância ou mesmo a serenidade, e podem estar sempre procurando algo para fazer. Os sentimentos agressivos dessas pessoas não costumam ser dissimulados e eles freqüentemente expressam raiva intensa e inadequada ou têm dificuldade para controlar essa raiva. Eles podem exibir extremo sarcasmo, persistente amargura ou explosões verbais. Por outro lado, essas expressões de raiva freqüentemente são seguidas de vergonha e culpa e contribuem para o sentimento de baixa auto-estima.



Fonte:
Personalidade Borderline

Imagem




Vejo no espelho
Uma imagem distorcida,
Refletida em um reflexo de angustia e vazio,
Invertida, porém real.

Fragmentos de dor,
Desencontros e percepção: incoerentes,
Estagnadas em um mundo paralelo,
Onde o sentido de existir se perde,
Em meio à desilusão de uma vida incompatível.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Transtornos alimentares




Bulimia nervosa
Em pacientes com bulimia, não é a magreza que chama a atenção. Às vezes, são mulheres de corpo escultural, que cuidam dele de forma obsessiva. Vivem em dieta. De repente, ingerem uma quantidade absurda de alimentos e depois vomitam para evitar o ganho de peso, tomam laxantes e diuréticos e fazem exercícios físicos até caírem extenuadas.
A diferença básica entre anoréxicos e bulímicos é o estado de caquexia (extrema desnutrição) a que podem chegar pacientes com anorexia.

Sintomas
·Ingestão exagerada de alimentos em curtos períodos de tempo sem o aumento correspondente do peso corporal;
·Vômitos auto-induzidos por inversão dos movimentos peristálticos ou colocando o dedo na garganta;
·Uso de laxantes e diuréticos indiscriminadamente;
·Dietas severas intermediadas por repentinas perdas de controle que levam à ingestão compulsiva de alimentos;
·Distúrbios depressivos, de ansiedade, comportamento obsessivo compulsivo, auto-mutilação.

Causas
São as mesmas da anorexia. Entre elas destacam-se predisposição genética, pressão social e familiar e valorização do corpo magro como ideal máximo de beleza.

Recomendações
·Algumas profissões são consideradas de risco para a anorexia. Bailarinas, jóqueis, atletas olímpicos, precisam estar atentos para a pressão que sofrem para reduzir o peso corporal;
·A faixa etária está baixando nos casos de anorexia. A família precisa observar especialmente as meninas que disfarçam o emagrecimento usando roupas largas e soltas no corpo e se recusam a participar das refeições em casa;
·Às vezes, os familiares só se dão conta do que está acontecendo quando, por acaso, surpreendem a paciente com pouca roupa e vêem seu corpo esquelético, transformado em pele e osso. Nesse caso, é urgente procurar atendimento médico especializado;
·O ideal de beleza que a sociedade e os meios de comunicação impõem está associado à magreza absoluta. É preciso olhar para esses apelos com espírito critico e bom senso e não se deixar levar pela mensagem enganosa que possam expressar;
·Se o paciente anoréxico estiver correndo risco por causa da caquexia e dos distúrbios psiquiátricos deve ser internado num hospital para tratamento médico.

Tratamento
O tratamento da bulimia nervosa exige o acompanhamento de equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, nutricionistas. Medicamentos antidepressivos podem ser úteis, especialmente se ocorrerem distúrbios como depressão e ansiedade. O diagnóstico da doença nem sempre é fácil, porque os sintomas não são evidentes como os da anorexia.
Infelizmente, não se conhecem métodos eficazes para prevenir patologias como a bulimia e a anorexia. Seria necessário um empenho da sociedade na mudança de certos valores estéticos ligados ao culto do corpo e à magreza.


Fonte:
Transtornos Alimentares

A lucidez perigosa






Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.

(Clarice Linspector)

Fonte:
A lucidez perigosa

5 coisas que você deve saber sobre auto mutilação





1. O que é a Automutilação?

A automutilação é definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio. As formas mais freqüentes de automutilação são cortar a própria pele, bater em si mesmo e queimar-se.

2. Por quais razões a Automutilação se desenvolve?

Embora as causas da automutilação ainda não estejam bem definidas, há evidencias de que fatores neurobiológicos e fatores psicossociais, como características de personalidade mais impulsiva e compulsiva, bem como a história de vida e o ambiente colaboram para o surgimento da automutilação. Os pacientes descrevem o início da automutilação após vivência de forte emoção, como raiva, utilizando este comportamento como forma de lidar com a emoção, um comportamento com características impulsivas. Com o decorrer do tempo, o paciente observa que obtém alivio de sensações ruins e passa a repetir a automutilação com o objetivo de obter alívio novamente. Começa a planejar e, muitas vezes, ritualizar a realização do ferimento. Estes comportamentos podem ser desencadeados por uma vivência traumática ou apenas pela lembrança desta.

Alguns dos fatores de risco relacionados a automutilação são: abuso emocional, físico ou sexual na infância; conflitos familiares; abuso de álcool e tabaco ou outras substâncias; adolescente vítima de “bulling”; presença de sintomas depressivos, ansiosos, impulsividade e baixa auto-estima.

3. Como sei identificar se alguém está com esse problema?

As pessoas que apresentam automutilação sentem vergonha e medo de revelar este comportamento, por isso procuram esconder as lesões e as fazem solitariamente onde não podem ser observadas. Elas reconhecem que este comportamento não é bem aceito pelas pessoas.

Desta forma, você poderá desconfiar que alguém apresenta automutilação quando essa pessoa:

a) Costuma usar roupas de mangas longas, mesmo no verão, com altas temperaturas;

b) Apresentam várias cicatrizes ou lesões repetidas e tem dificuldade para explicá-las;

c) Isola-se evitando situações onde seu corpo pode ser exposto, como praia ou piscina;

Vale lembrar que estas pessoas podem apresentar sintomas depressivos e de fobia social associados.

4. A Automutilação tem tratamento?

Sim, a associação psicoterapia e medicação tem se mostrado eficaz nos casos de automutilação. A psicoterapia, nestes casos, tem como um dos objetivos ajudar o paciente a identificar outras formas de lidar com frustrações, que sejam mais eficazes do que seu comportamento. Ainda não há medicação específica indicada para que o paciente pare de se mutilar, entretanto, a medicação pode ser indicada para alívio dos sintomas depressivos e ansiosos que podem colaborar para a manutenção do comportamento. Há também medicações que são usadas para diminuir a impulsividade e que ajudam o paciente a resistir a vontade de se machucar, caso esta apareça.

5. A quem devo buscar para pedir ajuda/auxílio?

Buscar profissionais da área de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras. Seria mais indicado profissional com experiência no tratamento de pacientes com automutilação, pois estes pacientes apresentam algumas peculiaridades. Caso estes profissionais não estejam disponíveis, uma vez que são raros os profissionais com experiência em automutilação, seria indicado profissionais com experiência em transtornos do impulso.



Fonte:
O que eu tenho

sábado, 16 de janeiro de 2010

Oswaldo Montenegro resolveu pintar o apartamento dele.





O que levaria um cantor famoso da MPB a fazer o que fez no seu próprio lar?



“Aqui é o quarto. Pintei o chão, as paredes e o teto. Pintei tudo, não deixei nem um centímetro sem pintar. No banheiro, escrevi aqui 'sim, é você', pra não ter a menor dúvida, quando se olha no espelho, que você está ali. Dentro do chuveiro está pintado também, no boxe”, explica o músico.

Alguns poucos objetos e eletrodomésticos do apartamento não foram pintados. A televisão conseguiu escapar. Mas o aparelho de som foi todo pintado, as caixas também. O violão de Oswaldo Montenegro foi pintado na frente e atrás. E o piano também.

“Eu cheguei a pintar o piano inteiro. Mas Madalena Salles, nossa flautista, tocamos juntos durante 30 anos, disse que o piano já era demais. Mandou que eu o pusesse na forma original. Eu comecei a pintar e não consegui parar, e comecei a ter a sensação de que eu quero morar dentro de um quadro, eu não quero ter um quadro”, conta Montenegro.

Cinco anos

Foi há cinco anos, quando Oswaldo comprou latas e latas de tinta e não parou mais de pintar. “É quase como se me desse um vazio insuportável. Começar a pintar isso aqui me deu uma estranha alegria, me deu uma euforia, uma coisa que beirava a loucura no sentido mais feliz da palavra loucura. Até quando eu pintei, a arrumadeira ligou para a Madalena e falou: ‘Eu acho que o Montenegro pirou’. Eu falei: ‘Minha senhora, quando eu pintar o apartamento de outra pessoa, a senhora me interna, mas enquanto eu pintar o meu, tá tranquilo’”, explica o músico.

Evidentemente que não é muito comum esse tipo de manifestação artística dentro de casa. Será que ele não tem receio de que achem que é uma maluquice?

“O que eu diria é que não precisam se preocupar que eu estou muito bem, e que eu tenho dois privilégios dos quais eu não esqueço nunca. Um é que eu vivo cercado de afeto e o segundo é que eu tenho a sorte de trabalhar no que adoro trabalhar. Eu trabalho com teatro, música, fiz meu primeiro filme, ‘Leo e Bia’. Você poder ir pro trabalho com prazer, para mim é o maior privilegio que um homem pode ter e eu tenho”, responde.

Sérgio Antunes

A ideia de viver com prazer e experimentar o novo levou Oswaldo a inventar um personagem. “Eu pensei, tem uma coisa que eu nunca fui: eu nunca fui outra pessoa”, conta. Ele passou três meses com outro nome, outra identidade, outra profissão.

“Cortei a barba, cortei o cabelo. Fui ser Sergio Antunes, que eu inventei, que era um sociólogo e comecei a conhecer um montão de pessoas. Cheguei a viver a sensação muito louca de estar num apartamento e ouvir o meu disco. Vivi uma sensação muito louca de eu dizer no apartamento algumas coisas criticas em relação ao meu próprio disco. Depois descobri que eu era igualzinho a mim mesmo e daí voltei”, lembra Oswaldo Montenegro.

O que é lucidez e o que é loucura?

“Obviamente, é muito difícil conceituar loucura e lucidez. Mas, para mim, a lucidez tem um aspecto visível e claro que é respeitar o espaço do outro”, diferencia.

Oswaldo Montenegro é lúcido ou louco?

“Eu sou lúcido. Eu tenho certeza absoluta que eu sou lúcido. Todo ser humano deve se expressar da maneira mais livre possível. Disso eu tenho certeza absoluta, e nada melhor que a nossa casa pra gente exercer isso”.

Fonte:
Oswaldo Montenegro pinta casa para viver dentro de um quadro

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Asas..




Quero ir a lugares distantes,
longe..... sempre.... em direção ao infinito.
Simplesmente voar.
Simplesmente existir...

Uma música...





“Estranho seria se eu não me apaixonasse por você”....
Já dizia a letra de uma música.
Por quê?
Você não sai do meu pensamento, te sinto do meu lado a todo tempo, e basta ouvir a tua voz que meu coração reconhece o sussurro do teu respirar e não sei mais quem sou, me perco no teu olhar, que me envolve e me faz viajar...
Quero a tua presença, tua permanência e a tua essência comigo.
Quero fazer parte do teu mundo, em tons, cores e gestos...
Porque tua beleza me inspira,
Porque tudo em você é verso, prosa e poesia,
Tornando-se música e harmonia em fração de segundos.
Quero fazer parte de seu mundo, e continuar todos os dias, todas as horas, a todo o momento.....
Além do tempo, apaixonada por você.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010





O tempo parou,
e com ele a vida se extinguiu.
Os dias permaneceram distantes e frios,
e as noites longas e solitárias.
tudo em névoa constante,
o pavor aparente surge de repente
e ela não entende como aconteceu.
todos partiram rumo ao fim
sobrou somente a solidão,
uma tristeza incansável
um cansar inconsolável,
que inebria e isola com a plenitude eterna,
do desgaste de um momento que permanece inerte.

Hoje...




Não sinto nada,
O vazio tomou conta de mim,
me preencheu todos os espaços,
e não sobrou lugar....

METADE

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito, a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada mesmo que distante
Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço, a outra metade é o que calo.
Que a minha vontade de ir embora se transforme na calma e paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso, a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso que me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço.
Que a arte me aponte uma resposta mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar, pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia a outra metade é canção.
Que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor
e a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

domingo, 10 de janeiro de 2010

O Silêncio






Não consigo entender o porquê de me sentir assim. Um vazio que me consome e preenche os espaços que antes continham vida.
O nada faz parte de mim, assim como a escuridão que eu vi brotar de seus olhos quando você me deixou aqui, perdida e sem saber como voltar. Perdi-me tentando te encontrar, e você se foi.... E eu... Nem sei onde estou.
Procuro encontrar uma saída. Caminho por entre folhas secas e árvores caídas bem em frente a meus pés. O dia se vai, e a noite chega, trazendo com ela o desespero de uma ausência de verdades escondidas em meio ao vento que sopra lentamente ao meu redor.... Permaneço aqui...respiro....respiro....penso....me calo.

Clarice Linspector






"O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.

"E o que o ser humano mais aspira é tornar-se ser humano

"Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós.

"Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.

"... passava o resto do dia representando com obediência o papel de ser.

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.

"É difícil perder-se. É tão difícl que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.

"O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.

"Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.

Perda.





Estou reprimida
Em medos e sensações,
Escondidas no âmago de meu ser,
Com um gosto azedo de angustia e dor.

O ciclo não termina,
Aparece em cada esquina ao lado,
Onde não se pode ver,
Quem está escondido por trás da sombra.

Entender o outro, é pensar que se sabe,
O que está adormecido,
Em meio a palavras ditas para fora
O que é sentido para dentro.

Caminho no desconhecido...
Arriscando a própria cura,
Esperando o inesperado,
Perdendo-me de mim.

sábado, 9 de janeiro de 2010

A prisão

Estou presa.
a prisão não tem grades.
sem espaço para me mover,mal consigo enxergar;
o ar...mal dá para respirar,
esta apertado,
sufoca,
fere,
machuca o sentir,que doi de tal forma,
que os ossos se alargam na esperança de romper.
um quadrado,enquadrado,
ou um retângulo fechado?
não existem meios
somente o receio de ficar ali pra sempre,
que é indefinido pela forma que o tempo corre,
em caminhos e passos curtos,
que atravessam os limites da loucura.

Não sei...





"O que será do amanhã se hoje não vivo
Sou apenas névoa em meio à escuridão
Esperando uma volta que sufoca e sangra
Precisando encontrar... Perdendo-me de mim...
Onde estou? Senão em meio ao vazio no nada.

Psicologia nas telas






“UP – Altas Aventuras”


Uma das definições possíveis para a pessoa aventureira: “Um aventureiro é uma pessoa que baseia a sua vida ou a sua fortuna em atos arriscados.”

A aventura é normalmente associada aos esportes radicais, que oferecem risco físico e psíquico. Provocam tanto a sensação de medo como a vontade de superação dos limites internos e externos .

Tanto o medo quanto a coragem são apreciados pelas pessoas que praticam esses esportes. O medo pode paralisar ou ser vivido como uma oportunidade de superar os próprios limites e essa dinâmica pode fazer parte da vida de qualquer um de nós, no cotidiano.

Os esportes radicais são muito apreciados, mas vale lembrar que estas atividades envolvem planejamento, equipamentos específicos, fabricados para minimizar os riscos. Podemos marcar o dia e a hora do evento, contamos com pessoas treinadas, locais previamente escolhidos e relativamente seguros. Sabemos que aquela sensação irá durar determinado tempo. Podemos controlar as variáveis.

Há um outro lado do conceito de aventura, vivido pelos personagens do filme, que diz respeito a aventuras relacionadas às relações humanas, aos vínculos que estabelecemos ao longo da vida.

Não há como calcular os riscos envolvidos em uma relação, eles são muitos e diferentes. Como cada relação é como se fosse a única, tendo em vista que pessoas diferentes geram dinâmicas, vivências e despertam sentimentos diferentes, esses riscos podem não ser tão bem dimensionados . Não podemos prever nem o dia, nem a hora e nem adquirir os equipamentos necessários para eventuais surpresas, no que diz respeito a ataques invasivos ao nosso mundo interno .

Algumas vivências amorosas ou vínculos muito fortes de amizade (sem falar no materno e paterno!) podem gerar, dependendo da estrutura psíquica, um efeito tão devastador que podem fazer com que a pessoa elabore tantas defesas que penetrar novamente em seu mundo interno será um desafio.

Há outras pessoas que experimentam uma “morte em vida”, fechando qualquer possibilidade de vivenciar novamente uma dor tão grande e, consequentemente, não experimentando o lado bom da aventura.

O amor pode oferecer um grande risco e uma grande inspiração. Após sofrimentos profundos, é preciso muita coragem para baixar as defesas, relaxar e permitir que outra pessoa se aproxime daquilo que é mais “nosso”.

Mas, por quê, após machucadas em uma relação, muitas pessoas continuam a procurar, mesmo com novas defesas bem elaboradas, uma próxima relação? As defesas podem ser boas ou ruins. Podem nos afastar do mundo ou servir como um equipamento que nos proteje de riscos “maiores”. Podem ser adequadas ou inadequadas.

De qualquer maneira, fazemos o melhor que conseguimos naquele momento. Porém, temos a possibilidade, durante um processo de terapia ou de situações terapêuticas, de adequar nossas defesas a nosso favor, à nossa medida.

Existem pessoas que passam a vida sem conseguir esse relaxamento necessário para viver uma nova aventura, ficam apenas com uma fatia da vida. Mas, há aquelas que insistem e têm esperança de que algo muito bom seja vivido novamente. A esperança dessas pessoas não são genéticas, mas oriundas de experiências positivas, de desfechos positivos, que as fazem acreditar no seu poder de interferir no mundo e obter satisfação de suas necessidades.

A dependência relativa, pela qual uma relação saudável é permeada, pode ser sentida como libertadora, no sentido de aceitarmos nossa condição de incompletude e de que de um modo ou de outro seremos dependentes. Entretanto, também pode ser sentida com pavor.

>> Este texto pode ser inadequado para quem ainda não viu o filme <<

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Altas aventuras

UP – Altas Aventuras é a nova animação da Pixar. Toda plástica visual é muito colorida, alegre, envolvente. A história, de acordo com um ponto de vista, é sobre a relação de quatro pessoas que nutrem seus espíritos aventureiros.

O desenrolar nos mostra como uma aventura pode ser perigosa se direcionada para vaidade, se o sentido inicial der lugar a um outro aspecto da natureza humana, aquele da pessoa que teve seu ego narcísico ferido, ou seja, foi ferida precocemente, emocionalmente. As pessoas que vivenciaram esses traumas caminham pela vida buscando situações onde possam remontá-lo e atribuir novos significados. Dependemos do outro para ser, da confirmação do outro.

Não somos sozinhos e, se alguém, nossos pais no início de nossas vidas, confirmaram e legitimaram nosso ser, nossa existência, de maneira honesta, legítima, sem muitas projeções, desejos individuais, mas a partir de um altruísmo, de uma observação real, não precisaríamos buscar tão vorazmente outra forma de validação no reconhecimento das pessoas ao longo da vida.

O personagem em questão, Charles Muntz, o antagonista do filme, buscou um caminho aparentemente saudável para lidar com sua “sede” de aprovação, de que fosse olhado como uma pessoa especial. Não escolheu ser aventureiro e nem se esforçou para ser um explorador famoso por acaso. A necessidade de ser visto e reconhecido pelas pessoas era mais forte do que parecia e a real motivação estaria relacionada com a falta de reconhecimento.

Onde há falta, há busca. Após ter sido injustamente difamado, ao afirmarem publicamente que uma de suas descobertas era falsa, ele passou a viver do outro lado, “o lado negro da força”, mas ainda com o mesmo objetivo. Sua ética até então sustentada pela sensação de reconhecimento, ruiu. Retirou-se do convívio com as pessoas, pois sem ser admirado, nada mais faria sentido e usou todos os seus recursos agindo de maneira inescrupulosa e cruel. Importante lembrar que para uma pessoa que experimentou a crueldade, exercer a crueldade pode dar muito prazer.

Experimentar como é ser o algoz estando do outro lado. O sadismo está intimamente relacionado com uma infância onde vivenciou o assédio de um sádico.

O Sr. Carl Fredricksen , um homem de 78 anos, vendedor de balões, tem uma história muito bonita. Seu primeiro e único amor foi a primeira grande aventura de sua vida. Ele ainda não havia percebido isso, pensava que uma aventura acontecesse somente em feitos extraordinários. Em toda sua vida, os feitos mais extraordinários não se resumiram na incrível viagem com balões, mas nas relações que corajosamente estabeleceu e que significaram cada ato de sua vida.

Sua relação com Russell, um menino de oito anos de idade, escoteiro/aventureiro, em busca da última medalha que precisava adquirir para virar um “grande aventureiro”, transformou a vida de ambos.

A missão do garoto seria a de ajudar um velhinho, e escolheu (assim como foi escolhido) Carl Fredricksen. Um ajudou o outro de uma maneira inesperada. O garoto viveu com o velho uma relação de confiança, compreensão, reconhecimento, que nunca teve do pai. Esse seria o verdadeiro encontro que estava por trás da busca pela medalha.

No caso de Fredricksen, encontrou a mesma relação, estava disposto a doar-se, embora não tenha tido filhos. A aventura poderia levá-lo a morte, mas, como toda boa história, se surpreende com o que ainda a vida reserva para um velho disposto a viver o que seria sua última aventura.

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por Fernanda Davidoff

Psicóloga com especialização em Psicoterapia Breve e orientação Winnicottiana e colaboradora do Portal “O que eu tenho?”.


Fonte
Psicologia nas telas

Caminhos....

"Loucura, eu penso, é sempre um extremo de lucidez. Um limite insuportável."
(Caio Fernando Abreu)


Eu não me conheço. Sou várias pessoas em uma só, com vontades, idéias e aptidões diferentes. Quem eu sou?Sou alguém que sente em excesso o que nem deveria ser sentido. O meu mal é ser exageradamente sensível. Sou intensa em tudo o que faço em tudo o que sinto e às vezes me perco em sensações que transbordam por entre meus poros e sufocam a minha alma.
Eu não tenho habilidade para me usar, não sei ser eu entre os outros. Sendo como eu sou entro em atrito, não sendo como sou me perco pelo caminho e acabo me traindo, não encontrando a saída para livrar-se de mim.
Não consigo coordenar meus pensamentos, dons e desejos; Sou algo incoerente nesse mundo tão cheio de pessoas vazias e sem graça. Sou um sujeito oculto em um predicado inexistente.
Há tempos percebo que a maioria das pessoas não tem nada de importante pra dizer e quando dizem algo, não passa de puro lixo. Cansei de buscar a verdadeira essência das pessoas; Cansei de viver em um mundo onde a maioria das pessoas tem vergonha de ser gente; Onde às pessoas se escondem se protegem e julgam aqueles que realmente tentam ser quem são.
O tempo passa e eu continuo a chorar pelas mesmas coisas, e isso me incomoda.
Dentro de mim, existe um espaço vazio que jamais foi e nem será preenchido por pessoa alguma.
Tenho medo de seguir em frente, medo de sorrir e de ser feliz, pois, a felicidade é algo como um sonho muito distante para alguém como eu.
Às vezes penso em desistir de tudo e todos; deixar de lado quem eu posso ser e não mais tentar me descobrir... Por quê?
.....Tudo isso cansa,desgasta,estraga,cheira mal, cheira a sangue....
Cheguei à conclusão que sou realmente assim, sem regras, sem limites, sem rumo, perdida em meio a devaneios e utopias jamais compreendidas, nem por mim, nem por ninguém.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

24 verdades que podem mudar sua vida

01 - O nome completo do Pato Donald é: Donald Fauntleroy Duck.

02 - Em 1997, as linhas aéreas americanas economizaram US$ 40.000 eliminando uma azeitona de cada salada.

03 - Uma girafa pode limpar suas próprias orelhas com a língua.

04 - Milhões de árvores no mundo são plantadas acidentalmente por esquilos que enterram nozes e não lembram onde eles as esconderam.

05 - Comer uma maçã é mais eficiente que tomar café para se manter acordado.

06 - As formigas se espreguiçam pela manhã quando acordam.

07 - As escovas de dente azuis são mais usadas que as vermelhas.

08 - O porco é o único animal que se queima com o sol além do homem.

09 - Ninguém consegue lamber o próprio cotovelo, é impossível tocá-lo com a própria língua.

10 - Só um alimento não se deteriora: o mel.

11 - Os golfinhos dormem com um olho aberto.

12 - Um terço de todo o sorvete vendido no mundo é de baunilha.

13 - As unhas da mão crescem aproximadamente quatro vezes mais rápido que as unhas do pé.

14 - O olho do avestruz é maior do que seu cérebro.

15 - Os destros vivem, em média, nove anos mais que os canhotos.

16 - O “quack” de um pato não produz eco, e ninguém sabe porquê.

17 - O músculo mais potente do corpo humano é a língua.

18 - É impossível espirrar com os olhos abertos.

19 - “J” é a única letra que não aparece na tabela periódica.

20 - Uma gota de óleo torna 25 litros de água imprópria para o consumo.

21 - Os chimpanzés e os golfinhos são os únicos animais capazes de se reconhecer na frente de um espelho.

22 - Rir durante o dia faz com que você durma melhor à noite.

23 - 40% dos telespectadores do Jornal Nacional dão boa-noite ao William Bonner no final.

A última e mais impressionante:

24 - Aproximadamente 70 % das pessoas que lêem este artigo tentam lamber o cotovelo.


Fonte:Curiosidades
Errata:

Quero consertar um erro de acentuação.
Por descuido ou falta de atenção:

Palavra que consta nas postagens com o marcador .FRASES.
A forma correta é Célebre com o acento agudo,e não Celebre,como foi escrito

Sigmund Freud





"O pensamento é o ensaio da ação.

"O sonho é a satisfação de que o desejo se realize.

"Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte.

"A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas.

"A ciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar.

"A sede de conhecimento parece ser inseparável da curiosidade sexual.

"A renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da civilização humana.

"Em última análise, precisamos amar para não adoecer.

"Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste.

"O falso é às vezes a verdade de cabeça para baixo.

Constelação





Acordada dentro de si, ela ainda não consegue enxergar a verdade que está em seus olhos. Na verdade, o caminho mais fácil é o da negação, o que não se vê não se sente. Sozinha, sem respostas, e sem saída ela decide desistir de tudo o que tem vida e se jogar frente ao abismo que se formou bem a frente de seus pés. Coragem não falta,pois,seus dias tem sido incoerentes e isolados, ninguém se importa com o que sente, ninguém pergunta o que acontece.Pela janela, ela observa no céu,nuvens de tempestade que mais parecem fumaça , que sai de dentro de seu peito,queimando sua pele e sendo absorvido pela inércia que compõe o nada que se formou ao seu redor.Paralisada,e desfalecendo, o único pensamento que não lhe sai da cabeça, é : Para onde vai quando tudo acabar? O que ira acontecer quando a existência não existir?...e assim, consumida por devaneios que se formam na ignorância humana, o tempo acaba e o relógio para; ela acorda e observa que a sua volta se formou uma constelação de “pássaros azuis.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Lista de livros que pretendo ler em 2010

1-A Cura de Schopenhauer, Irvin Yalom, Estados Unidos
2-A Divina Comédia, Dante Alighieri, poesia, Itália,
3-A Náusea, Jean-Paul Sartre, romance, França,
4-A paixão segundo GH, Clarice Lispector, romance, Brasil,
5-O amor nos tempos do cólera, Gabriel García Marquez, romance,
Colômbia,
6-Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, Clarice Lispector,
romance, Brasil
7-Ensaio sobre a cegueira, José Saramago, romance, Portugal,
8-Histórias extraordinárias, Edgar Allan Poe, contos, Estados Unidos,
9-Os desafios da terapia,Irvin Yalom, Estados Unidos
10-Divã,Martha Medeiros,Brasil

11 perguntas que os cientistas ainda não conseguem responder

Tudo sobre misteriosos fenômenos, como a cura pela fé, o fim do mundo e a premonição, que ainda desafiam o conhecimento humano
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Quem pensa pouco erra muito." A frase é de Leonardo Da Vinci, um dos maiores gênios que o mundo já conheceu nos mais diversos campos do conhecimento. E retrata à perfeição o combustível que move esta reportagem. A ciência já alcançou feitos revolucionários ao longo da história. Há 100 anos, a ideia de navegarmos pelo espaço e chegarmos à Lua não passava de ficção - como é hoje a proposta de termos, quem sabe em um futuro próximo, gente vivendo na superfície do satélite terrestre. Mais um exemplo: a nanotecnologia enche milhões de enfermos de esperança ao criar robôs menores que a ponta de um fio de cabelo, capazes de realizar viagens pelo interior do corpo humano em busca de todo tipo de cura. Mas, apesar de toda essa evolução tecnológica, ainda há questões - e não são poucas - para as quais os cientistas permanecem sem respostas. A seguir, você conhecerá 11 delas. Para analisar esses mistérios, ISTOÉ conversou com especialistas de várias áreas, levantou hipóteses, derrubou mitos e abriu espaço para opiniões diversas. O debate está aberto e envolve desde aspectos quase metafísicos - um deles: a alma existe? - até temas totalmente cotidianos, como a capacidade de raciocínio dos animais. Se o leitor não sabe o que fazer diante de tantas interrogações, não se sinta só. Lembre-se de que nada nos impede, com a preciosa ajuda da ciência, de tentar encontrar as respostas. Nada nos impede, como dizia Da Vinci, de pensar a respeito. E pensar muito.

1. Como surgiu o Universo?
2. Quando começa a vida?
3. Quanto usamos do nosso cérebro?
4. A alma existe?
5. Os animais pensam?
6. É possível viajar no tempo?
7. Existe premonição?
8. O que define nossa sexualidade?
9. A fé pode curar?
10. Por que nos apaixonamos?
11. Quando e como o mundo vai acabar?

(Fonte: Revista Isto É)

E você, o que pensa sobre essas questões?

Friedrich Nietzsche




"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.

"vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo.

"Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.

"O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.

"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.

"Torna-te aquilo que és.

"Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.

"O medo é o pai da moralidade.

"O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.